sábado, 5 de fevereiro de 2011

Assédio Moral nas Instituções Públicas Portuguesas

Urge tomar conhecimento para prevenir e combater estas práticas hediondas que são cada vez mais frequentes no seio do ambiente de trabalho de algumas empresas e instituições públicas portuguesas. Em portugal ainda é tema tabu, mas em alguns países é considerada uma prática criminosa, podendo levar os agressores à prisão, sendo inclusive motivo de várias campanhas publicitárias.


Campanha Publicitária da GreenPeace



Campanha Contra o Assédio Moral no Brasil





Linha da Frente - Escravos do Poder

A RTP em Janeira de 2010 atrás apresentou uma reportagem que mostra o drama que é o Assédio Moral em Portugal.
FICHA TÉCNICA:
GÉNERO:Informação - Actualidades
Origem: Portugal - 2010


Escravos do Poder no sapo

          Escravos do Poder no SAPO - 1ª Parte

          Escravos do Poder no SAPO - 2ª Parte

ESCRAVOS DO PODER é uma reportagem da jornalista Patrícia Lucas com imagem de Pedro Silveira Ramos e edição de Guilherme Brizido.
O programa LINHA DA FRENTE - ESCRAVOS DO PODER vai ao encontro do drama que é o assédio moral em Portugal. são manobras psicológicas e maquiavélicas utilizadas por chefias para que o trabalhador se demita. Muitos funcionários acabam com doenças psicologicas e tentam o suicidio. Nesta reportagem sentimos esses pecados e ouvimos os especialistas sobre um problema que só agora vigora na lei portuguesa.


O que realmente é assédio moral na relação de trabalho?

O Assédio Moral consiste na exposição do funcionário a situações humilhantes e constrangedoras, recorrentes e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício das funções. Essa exposição à tirania é mais freqüente em relações hierárquicas autoritárias, nas quais predominam condutas negativas, actos desumanos de longa duração, exercidos por um ou mais chefes contra os subordinados, ocasionando a desestabilização da vítima com o ambiente de trabalho e a organização.
A vítima é isolada do grupo sem explicação, passando a ser ridicularizada, inferiorizada e desacreditada diante de seus colegas. Estes, por medo, vergonha, competitividade ou individualismo, rompem os laços afectivos com a vítima e, muitas vezes, acabam reproduzindo acções e actos do agressor, instaurando um “pacto de tolerância e de silêncio coletivo”, enquanto a vítima vai se degradando e se enfraquecendo.
Esta humilhação repetitiva acaba interferindo na vida do humilhado, gerando sérios distúrbios para a sua saúde física e mental e podendo evoluir para a própria incapacidade para o trabalho, a aposentadoria precoce e a morte.
Em síntese o assédio moral é uma perseguição continuada, cruel, humilhante e covarde desencadeada, normalmente, por um sujeito perverso, tanto vertical quanto horizontalmente, que intenciona afastar a vítima do trabalho, mesmo que para isso tenha que degradar sua saúde.

Para Mais Informaçao:
 






Assédio Moral na Wikipédia

Alguns autores definem esta prática como crime perfeito porque não deixa marcas, é uma ferida na alma.


"Nas sociedades do nosso mundo ocidental altamente industrializado, o posto de trabalho constitui o último campo de batalha em que uma pessoa pode matar a outra sem nenhum risco de chegar às barras de um tribunal."

(Heinz Leymann)

O Assédio Moral é uma Prática Recorrente
(Não de esqueça, você poderá ser a próxima vitima)

Estudos Mostram que o Assédio Moral é um fenómeno recorrente porque o que caracteriza este problema não é a vitma em si mas sim características estruturais que pertencem à orgnização e ao grupo onde se produz o Assédio.

Ver video acerca do Mecanismo de Bode Expiatório (Crise Mimética)




Ver vídeo - A vitima de Assédio Moral é sempre inocente 

Ver Video - Assédio Moral - Ninguém Merece






Tipos de Assédio

Assédio Descendente
É o tipo mais comum de assédio, dá-se de forma vertical, de cima (chefia) para baixo (subordinados).

Assédio Ascendente
Tipo mais raro de assédio, dá-se de forma vertical, mas de baixo (subordinados) para cima (chefia). .

Assédio Paritário
Ocorre de forma horizontal, quando um grupo isola e assedia um membro – parceiro.

Assédio Misto
Quando são combinados o Assédio Vertical com o Horizontal.


Processo psicológico do assédio moral
Segundo Hirigoyen (2001), a primeira é a fase da sedução perversa, no inicio do relacionamento, envolvendo-se a vítima com o processo de desestabilização e perda progressiva da autoconfiança através de constantes humilhações que diminuem os valores morais do indivíduo e aniquilam as suas defesas.

A humilhação "é um sentimento de ser ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, submetido, vexado e ultrajado pelo outro. É sentir-se ninguém, sem valor, inútil" (BARRETO, 2000, p. 218).

O trabalhador assediado moralmente, a princípio, não é passivo e nem dócil como o "homem-boi" de Taylor. Torna-se vítima porque reage às acções do agressor e por não concordar com a postura administrativa adoptada por ele enquanto detentor do poder.

Neste sentido, pontua Freitas (200, p.11) que "é o assédio que desencadeia a reacção, posto que a vítima reage ao autoritarismo.

É, pois, a sua recusa a submeter-se à autoridade, apesar das pressões, que a designa como alvo". No assédio moral, segundo Hirigoyen (2002, p. 27), "não se observa mais uma relação simétrica como no conflito, mas uma relação dominante-dominado, na qual aquele que comanda o jogo procura submeter o outro até faze-lo perder a identidade" através de "uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos" (HIRIGOYEN, 2001, p. 13). Viram-se instrumentos, meros objetos, e assim é consumado o ato de "coisificar".

A segunda etapa, da violência manifesta, com a vítima já envolvida, é pontuada de estratégias de violências e de agressões aplicada aos poucos. Segundo Hirigoyen (200l), o enredamento, já na fase da violência manifesta, comporta um inegável componente destrutivo porque a vítima não tem mais resistência para reagir e o agressor usa e abusa dos seus poderes para manipular o indivíduo "coisificado".

Uma vez implantado o assédio moral, com a dominação psicológica do agressor e a submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição passam para a esfera do individual, sem uma participação do colectivo. A presença do individualismo nas relações de trabalho tem uma função desarticuladora: "cada um sofre no seu canto sem compartilhar suas dificuldades com um grupo solidário", explica Hirigoyen (2002, p. 26). A solidariedade dos colegas dificilmente aparece no momento da humilhação. A dor sentida não é compartilhada e nem compreendida.

A constante desqualificação a que é submetida a vítima conduz ela a pensar que "ela merece o que lhe aconteceu", "ela estava pedindo isso". Assim é que acontece o deslocamento da culpa: o trabalhador moralmente assediado internaliza sua culpa e acredita que tem uma efectiva participação na sua doença. Essa etapa, difícil de ser rompida, coincide com as radicais tentativas de solucionar o problema. Em palavras de Barreto (2000, p. 148) "a vida perde o sentido transformando a vivência em sofrimento, num contexto de doenças, desemprego, procuras, desamparo, medo, desespero, tristeza, depressão e tentativas de suicídio".

Quando a vítima, de fato, começa a sentir os sinais da doença, aparece outro sintoma:

a ocultação do problema. A atitude está diretamente relacionada ao medo de perder o emprego e por isso, como táctica, o trabalhador não declara abertamente a sua doença e prefere sofrer sozinho. Uma vez adoecido, sem nenhuma outra alternativa, o caminho para o trabalhador é afastamento do trabalho que, ao princípio, é por licença para tratamento da doença apresentada; em seguida, a demissão propriamente dita, como consequência da inadequação do trabalhador adoecido aos padrões de produção da organização.

A vítima não se liberta totalmente com o afastamento do local de trabalho ou do agressor. Não convive mais diariamente com a prática da violência, mas carrega consigo toda angustia do período: "as agressões ou as humilhações permanecem inscritas na memória e são revividas por imagens, pensamentos, emoções intensas e repetitivas, seja durante o dia, com impressões bruscas, de iminência de uma situação idêntica, ou durante o sono, provocando insônias e pesadelos" (HIRIGOYEN, 2001, p. 183).

O suicídio pode ser o ponto final. Para Barreto (2000, p. 242) "quando o homem prefere a morte à perda da dignidade, se percebe muito bem como a saúde, trabalho, emoções, ética e significado social se configuram num mesmo ato, revelando a patogenicidade da humilhação".


Perfil das Vitimas de Assédio Moral

Segundo Marie-France Hirigoyen os que abusam do poder, os que agridem, os responsáveis enfim pelo assédio moral no trabalho, tentam passar uma imagem da vítima, que não é real. Ela (a vítima) seja homem ou mulher, não é frágil, não é neurótica, não tem mau caráter, não é de difícil convivência, não é profissionalmente incompetente.

Definir o perfil da vítima é uma tarefa complexa, porque está intimamente ligado ao ambiente de trabalho, à personalidade do agressor e à capacidade de resistência do próprio assediado. Pode-se afirmar, então, que o perfil da vítima é multifacetado.

Vejamos algumas características do perfil da vítima apontadas pela própria Marie-France Hirigoyen, pela médica do trabalho Margarida Barreto e Mauro Azevedo:

  • Trabalhadores com mais de 35 anos;
  • Os que atingem salários muito altos;
  • Saudáveis, escrupulosos, honestos;
  • As pessoas que têm senso de culpa muito desenvolvido;
  • Dedicados, excessivamente até, ao trabalho, perfeccionistas, impecáveis, não hesitam em trabalhar nos fins de semana, ficam até mais tarde e não faltam ao trabalho mesmo quando doentes;
  • Não se curvam ao autoritarismo, nem se deixam subjugar;
  • São mais competentes que o agressor;
  • Pessoas que estão perdendo a cada dia a resistência física e psicológica para suportar humilhações;
  • Portadores de algum tipo de deficiência;
  • Mulher em um grupo de homens;
  • Homem em um grupo de mulheres;
  • Os que têm crença religiosa ou orientação sexual diferente daquele que assedia;
  • Quem tem limitação de oportunidades por ser especialista;
  • Aqueles que vivem sós.
Com relação às mulheres, acrescentam-se ainda:
  • Casadas;
  • Grávidas;
  • Aquelas que têm filhos pequenos.



Caracterização dos Agressores (Assediadores)
Quem comete assédio moral ou psicológico é uma pessoa que sente prazer com o sofrimento alheio. Ela não se satisfaz exercendo o seu poder de modo ético, "precisa" abusar do seu poder humilhando e atingindo pessoas que não se podem defender, por estarem em situação de inferioridade hierárquica.
Uma pessoa feliz, que ama e é amada, que é competente, que é realizada profissionalmente, não se torna um assediador.
O agressor é alguém que parece competente, já que tem poder, mas que é inseguro porque ele próprio sabe que não é tão poderoso e competente assim.  Ela tem medo de ser desmascarada e superada, por isso nunca admite os próprios erros e limitações. Ela tem medo daqueles que não o bajulam.

Estratégias do Agressor



Sujeitos intervenientes no Assédio Moral
Entre as pessoas envolvidas no assédio moral, além da vítima e do agressor, há uma parte essencial, que são os cúmplices ou testemunhas silenciosas, sem elas não seria possível o assédio moral. Este grupo de pessoas dividem-se nos seguintes sub-grupos:
  • Pessoa ou Pessoas de confiança do Agressor;
  • Os Colaboradores ou Propagadores;
  • Os Colaboradores que se calam.



"O mundo não está em perigo por causa das pessoas más mas sim por aquelas que permitem a maldade"
Eva Ventin

"Há que recordar que o agressor é um delinquente em série quando acaba com um logo recomecará com outro"
Eva Ventil



Classificação dos Agressores








“Profeta”:
Profeta
Sua missão é “enxugar” o mais rápido possível a “máquina”, demitindo indiscriminadamente os trabalhadores(as). Refere-se às demissões como a “grande realização da sua vida”. Humilha com cautela, reservadamente. As testemunhas, quando existem, são seus superiores, mostrando sua habilidade em “esmagar” elegantemente.


“Mala-Babão”:

É aquele chefe que bajula o patrão e não larga os subordinados. Persegue e controla cada um com “mão de ferro”. É uma espécie de capataz moderno.











“Grande Irmão”:
Aproxima-se dos trabalhadores(as) e mostra-se sensível aos problemas particulares de cada um. Na primeira “oportunidade”, utiliza estes mesmos problemas contra o trabalhador, para rebaixá-lo, afastá-lo do grupo, demiti-lo ou exigir produtividade.

“Pit-Bull”:
É o chefe agressivo, violento e perverso em palavras e actos. Demite friamente e humilha por prazer.
 

“Garganta”:
É o chefe que não conhece bem o seu trabalho, mas vive contando vantagens e não admite que seu subordinado saiba mais do que ele. Submete-o a situações vexatórias, como por exemplo: colocá-lo a realizar tarefas acima dos seus conhecimentos ou inferiores à sua função.

"Troglodita:
É o chefe brusco, grotesco. Implanta as normas sem pensar e todos devem obedecer sem reclamar. Tem sempre razão. Seu tipo é: “eu mando e você obedece”.

“Tasea”:
 “Ta se achando”. Confuso e inseguro. Esconde seu desconhecimento com ordens contraditórias: começa projetos novos, para no dia seguinte modificá-los. Exige relatórios diários que não serão utilizados. Não sabe o que fazer com os pedidos dos seus superiores. Se algum projeto é elogiado pelos superiores, colhe os louros. Em caso contrário, responsabiliza a “incompetência” dos seus subordinados.

"Tigrão":
Esconde sua incapacidade com atitudes grosseiras e necessita de público que assista aos seus actoa para se sentir respeitado e temido por todos.


Métodos adotados pelo agressor, para impedir que a vítima reaja 
  1. Desqualificação. O agressor tende a desqualificar continuamente a vítima, o que a leva a duvidar de suas próprias competências. Ademais, ao ser a agressão indireta, manifestando-se em muitas ocasiões em um comportamento não-verbal, a vítima põe em dúvida suas próprias percepções;
  2. Desacreditação. O agressor desacredita a vítima publicamente, utilizando, se for preciso, discursos falsos;
  3. Isolamento. Através do isolamento da vítima, torna-se muito mais fácil para o agressor destruí-lo psicologicamente;
  4. Humilhação. Com freqüência, designam à vítima tarefas inúteis ou degradantes;
  5. Indução ao erro. A indução ao erro tem o propósito de poder criticar ou desagradar ao empregado, assim como oferecer-lhe uma má imagem de si mesmo;


Como se Defender
  • Resista: Não se deixe abater, converse com os amigos na empresa e com sua família. Divida com eles suas angústias e troque informações sobre medidas a tomar.
  • Fortaleça laços: Invista no companheirismo, na amizade, na sinceridade entre amigos e em relações afectivas que permitam (baseadas em confiança) você falar o que sente.
  • Solidariedade: Ser solidário é fundamental.
  • Visibilidade Social: Denuncie para evitar que a sua saúde física e mental, e sua própria vida, seja prejudicada.
  • Procure o departamento de recursos humanos, e outras instâncias como médicos ou advogados do sindicato, ou ainda o Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina.
  • Anote situações vivenciadas: Registrar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor e testemunhas). Elas podem ser úteis no caso de defesa na empresa e na Justiça.


Causas do Assédio Moral
O assédio no trabalho pode advir de dois fenômenos
  1. O abuso de poder, exercido com maior freqüência pelas chefias intermédias motivados pela crença de que podem perder a autoridade;
  2. Uma manipulação mal-intencionada, mais insidiosa e que causa maiores estragos pela dificuldade em sua detecção. Geralmente é exercida pelo indivíduo que necessita impor-se para destacar-se ou para ocultar sua própria incompetência. Rodeia-se de pessoas mais dóceis para poder dominá-las, criando um vínculo grupal entre eles que Canto (1994) denomina de favoritismo do endogrupo Sendo assim todo aquele indivíduo que não pertencer ao grupo e não se submeter ao indivíduo dominante, é rechaçado e isolado (Turner, 1981; Pérez e Mugny, 1985; Clark e Maass, 1988).

Frases Relacionados com Assédio Moral

"O objectivo de um indivíduo perverso é aceder ao poder ou manter-se nele para o qual utiliza qualquer meio para ocultar a sua própria incompetência. Para tal necessita de se livrar de todo aquele que possa significar um obstáculo para a sua ascensão, e de todos aqueles que possam ver com demasiada lucidez o seu modo de operar. Não se contenta em atacar alguém frágil, como ocorre no caso de abuso de poder, como cria a mesma fragilidade a fim de impedir que o outro se possa defender"

Marie-France Hirigoyen


"Bem Hajam aqueles que os cretinos ladram, porque a sua alma nunca lhe pertencerá."


Carlos Ruiz Zafón
El juego del ángel



Curso de Assédio Moral (Professor Iñaki Piñuel y Zabala - Especialista em Acoso Laboral)

1- O que é o Assédio Moral  no Trabalho - Definição e Limites

2- Causas e Efeitos do Assédio Moral

3- O Assédio Moral como processo de perseguição continuada
 

4- O Objectivo - Eliminar o Ameaçador

5- A acusação Falsa no Assédio Moral

6- O Assédio Moral

7- O mecanismo do Bode Expiatório



Curso de Assédio Moral (Prof. Eva Ventin)

1 - O que é o Assédio Moral?



2 - O que não é Assédio Moral?


3 - Diferentes manifestações de Assédio Moral

4 - As fases do Assédio Moral

5 - Os Sujeitos do Assédio Moral: A vitima e o agressor


6 - Os cumplices ou Testemunhos Silenciosos (Mudos)



7 - As técnicas de Assédio Moral



Conferência "A violência como forma de restabelecer a ordem social"
Iñaki Piñuel - 6 Outubro de 2010




Introdução

1ª Parte

2ª Parte

3º Parte

4ª Parte


5ª Parte

6ª Parte